Os dados são alarmantes e o tema nunca esteve em tanta reflexão: trabalho decente.
Recomendo a leitura da reflexão feita por Joaquín Nieto Sainz, diretor da Organização Internacional do Trabalho na Espanha, que você pode ler aqui ou abaixo, adaptado ao português.
Joaquín Nieto Sainz, diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Espanha, reflete acerca da dignidade no trabalho em um contexto no qual pela primeira vez na história existem mais de 200 milhões de pessoas sem emprego no mundo. Além disso, propõe soluções para reverter a forte tendência de desemprego.
O trabalho é uma das principais atividades das pessoas para sua integração social e sua realização pessoal.
Sempre que seja trabalho decente. Na Organização Internacional do Trabalho -a
agência de Nações Unidas especializada no trabalho- entendemos por trabalho decente o que se realiza sem
discriminação, com direitos, em condições de saude e segurança, com uma
remuneração suficiente e com proteção social em caso de acidente,
doença ou velhice. No mundo de hoje, não dispor de um emprego não só faz ser muito
difícil poder desenvolver-se social e pessoalmente como também tão somente
sobreviver. O direito ao trabalho decente é pois um direito fundamental. Mas o
trabalho decente se torna escasso, sobretudo nos últimos tempos.
Ao final do
mês de janeiro de 2012 a OIT publicava o informativo Tendências Mundiais do Emprego 2012. O mundo
supera pela primeira vez os 200 milhões de pessoas sem emprego. Entretanto há 215 milhões de meninos e meninas trabalhando, 115 deles presos nas
piores formas de trabalho infantil. A capacidade de criação de
emprego da economia mundial sofre uma deterioração grave que fará com que em 2012
haja não menos de outros 3 milhões mais de pessoas sem emprego. Se a esta
previsão se soma a muito provável desaceleração econômica global por baixo de
2%, as pessoas que terão perdido seu emprego em 2012 serão 7 milhões.
Às pessoas
sem emprego há que se somar os 900 milhões de trabalhadores
que vivem com suas familias com rendas inferiores a 2 dólares por dia,
especialmente em países em desenvolvimento. Dois de cada três trabalhadores não
contam com um sistema de proteção social.
Especialmente
alarmante é o dado de que em 2011, 74,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos
não têm nem encontram emprego e que 6,4 milhões de jovens têm perdido qualquer
oportunidade de encontrar um emprego. A taxa de desemprego juvenil se
aproxima a 13% pela primeira vez a nível global.
Cada um dos
próximos anos 40 milhões de jovens se
incorporarão à sociedade como demandantes de emprego, mas muitos deles não o
encontrarão. Será preciso criar 400 milhões de empregos na
próxima década para responder a esta demanda; do contrário, poderíamos encontrar
aquilo que tem-se chamado uma «geração perdida», fenômeno
que teria efeitos imprevisíveis, mas seguramente muito
negativos no porvir da humanidade.
O Informativo
da OIT sobre Tendências Mundiais do Emprego não só busca dar a conhecer a realidade
do emprego a nível global mas também contribuir para prevenir uma crise maior que a que está atravessando o mundo.
Os três anos de crise financeira e econômica vem tendo como consequência um
incremento muito importante do desemprego ao tempo que se aumentavam os
déficits de trabalho decente. A equação tem sido menos emprego e de menor qualidade.
As perspectivas que desenha o informe são bastante sombrias.
É
imprescindível ter em consideração de verdade as tendências de emprego e seus
efeitos no momento de configurar os procesos de tomada de decisões políticas
por parte de governos e organismos internacionais. As decisões que têm adotado
e se seguem tomando até agora, no quarto ano de crise financeira e econômica, não têm conseguido uma recuperação sustentável do emprego nem
melhorar as condições de trabalho e a proteção social.
A OIT promove
uma nova era da justiça social para lograr uma globalização equitativa e
considera que impulsionar uma visão sobre
direitos humanos com um enfoque de trabalho decente no marco da agenda econômica
é mais necessário que nunca para abordar os desafios que enfrentamos.
As sombrias
perspectivas do informe da OIT sobre as tendências do emprego poderiam ser
diferentes, mais positivas, na condição de modificar as políticas na direção do
trabalho decente. E possível empreender reformas financeiras,
manter os salários e os direitos, realizar investimentos produtivos seletivos para
uma mudança de modelo produtivo na direção de uma economia verde, ampliar a
base fiscal para dispor de maiores recursos públicos… Assim se poderia conseguir
que a consolidação fiscal se faça com os ritmos e processos que permitam alcançar
economias mais sustentáveis e não mais injustas.
Da
orientação das decisões sobre política econômica que adotem os governos e os
agentes sociais depende que as medidas correspondentes sejam
capazes de criar emprego, gerar oportunidades e reforçar a dignidade das
pessoas ou, ao contrário, contribuam para deprimir ainda
mais a economia, destruir mais emprego e deteriorar as condições de vida e de
trabalho.
Imagem daqui.
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