Brasília - Mulheres negras e com baixa escolaridade formam a maioria das
 trabalhadoras domésticas brasileiras. Em entrevista por ocasião do Dia 
Nacional das Trabalhadoras Domésticas, a presidente da federação da 
categoria, Creuza Maria de Oliveira, disse que no Brasil a atividade 
deriva do trabalho escravo e por isso grande parte da categoria é negra.
 “O trabalho doméstico no Brasil é executado por mulheres negras, que 
não tiveram a oportunidade de ir para uma faculdade [por exemplo] e o 
trabalho que é valorizado é o acadêmico”, afirmou.
A assistente de programas da Organização das Nações Unidas para as 
mulheres, a ONU Mulheres, Danielle Valverde, afirmou que a maioria das 
trabalhadoras domésticas não chega a concluir o ensino básico.  
“É um trabalho que tem grande componente de gênero, porque é exercido 
por mulheres, e também étnicorracial. No caso do Brasil, é feito por 
mulheres negras. Na América Latina, é um emprego exercido em grande 
parte por mulheres indígenas”, afirmou.
Ela disse ainda que grande parte das empregadas domésticas tem direitos 
legalmente reconhecidos, como a Carteira de Trabalho assinada e o Fundo 
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas que na prática eles ainda 
não são considerados.
“Embora seja definido pela legislação que devem ter a carteira assinada,
 ainda estão na informalidade. Isso significa falta de acesso a uma 
série de direitos como o  Instituto Nacional do Seguro Social [INSS], a 
licença-maternidade e o seguro-desemprego por falta da assinatura [da 
carteira]”.
Daniella afirmou também que o Artigo 7º da Constituição Federal garante 
esses direitos, mas não obriga os patrões a concedê-los. ”A Constituição
 Federal, no Artigo 7º, ainda não garante a igualdade de direitos em 
relação a outras categorias. Por exemplo, o  FGTS ainda é facultativo 
para as empregadas domésticas. Os empregadores ainda não são obrigados a
 pagar o fundo de garantia.”
Creuza, por sua vez, disse que há 36 anos as trabalhadoras domésticas 
garantiram esses direitos, mas é necessário que os patrões mudem de 
mentalidade e os reconheçam. “Estamos na luta para que haja mudança de 
mentalidade dos empregadores, que é o reconhecimentos das leis. No 
Brasil há 8 milhões de trabalhadoras domésticas, mas 80% não têm 
carteira assinada nem contribuição para a Previdência”, informou.
Para a presidente da federação que representa a categoria, ainda falta 
às trabalhadoras domésticas garantir o direito à hora extra, ao salário 
família, seguro-desemprego e auxílio por acidente de trabalho. “Estamos 
lutando ainda por equiparação de direitos aos de outros trabalhadores”, 
acrescentou. 
Fonte da notícia: Memes Jurídico. 

 
 
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