Felipe Seligman
De Brasília
Pesquisa divulgada pela Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) revela que
cerca de 40% dos juízes trabalhistas brasileiros afirmam sofrer de
depressão.
De acordo com o estudo –realizado em
parceira com a faculdade de medicina da UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais)– 17,5% dos magistrados tomam remédio controlado para
combater a doença.
Entre os mais de 700 juízes de todo o
Brasil que participaram da pesquisa, um a cada três declara que está
“triste” atualmente. Além disso, cerca de 15% dizem que hoje estão
chorando “mais do que o de costume”.
As entrevistas foram realizadas no
último trimestre, em sigilo, pela professora Ada Assunção, do
departamento de medicina da UFMG.
Cerca de um terço do total esteve de
licença médica nos últimos 12 meses, e um quinto deixou de realizar
alguma tarefa considerada “habitual” por questões de saúde. O motivo
dessa tristeza não é o salário. O magistrado trabalhista recebe entre R$
21,7 mil e R$ 25,3 mil.
O problema pode estar relacionado a uma
percepção de que o trabalho é excessivo: 85% dos entrevistados afirmam
levar o trabalho para suas casas e 64% declaram ter feito algo
relacionado ao ofício durante as férias.
O documento ainda afirma que os magistrados podem se sentir afetados emocionalmente com as causas julgadas por eles.
De acordo com a associação, a intenção
da pesquisa é entender quais fatores podem atrapalhar a produtividade do
magistrado trabalhista e, por consequência, representar um entrave no
cumprimento de metas estabelecidas pelo CNJ (Conselho Nacional de
Justiça). Entre elas está, por exemplo, julgar os processos no mesmo ano
em que são propostos.
A Justiça Trabalhista costuma ter
melhores resultados que as Justiças Federal e Comum, mesmo assim
apresenta altas taxas de congestionamento. De acordo com dados do
próprio CNJ, cerca de 49% dos casos precisam de mais de um ano para
serem resolvidos.
(Fonte: Folha.com/ Cotidiano/ 24/05/2011)
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